Força-tarefa vai atuar nos próximos dias para conter a desenfreada e desordenada corrida por ouro no município
O Ministério Público Federal (MPF) pediu a retirada das pessoas que estão no garimpo ilegal em Pontes e Lacerda (MT), na área que em poucos dias ficou conhecida como a “Serra Pelada de Mato Grosso”.
Em ação protocolada ontem, o MPF também pede que a Justiça Federal determine, com o suporte da Polícia Militar (PM), Exército e Polícia Federal (PF), o fim de toda atividade de extração de ouro. Uma verdadeira força-tarefa deve atuar nos próximos dias para conter a desenfreada e desordenada corrida por ouro na região.
Ainda não há um levantamento oficial, mas o Departamento Nacional de Produção Mineral em Mato Grosso (DNPM/MT) estima que 2 mil pessoas estejam atuando no foco principal do garimpo, que fica em uma área de 6.800 hectares requerida, em 1991, pela mineradora Santa Elina Indústria e Comércio S/A, empresa multinacional com filial em Cuiabá, para pesquisa mineral. O tamanho exato da área de garimpagem irregular, que atinge um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Serra Santa Barbara, está em levantamento.
Com acesso pela MT-473, o local fica a 18 quilômetros do centro da cidade e tem sido comparado a “Serra Pelada”, que representou na década de 1980 o maior ponto de exploração de ouro a céu aberto do mundo, estando localizado no Sul do Pará. Por lá, a informação de que foram encontradas pedras de ouro com mais de 20 quilos têm atraído, há pelo menos duas semanas, pessoas de vários cantos do Estado e de outras regiões do país, como Rondônia, Pará e Mato Grosso do Sul. Homens, mulheres e crianças chegam a dormir no lugar, enquanto os trabalhos ocorrem durante a madrugada iluminada por geradores. Além de danos ambientais, a preocupação com a chegada dos forasteiros é com o aumento da violência, da prostituição e do tráfico de drogas.
“Toda hora chega um número novo de pessoas. Até semana passada tínhamos a informação de que eram 600. Atualmente, acreditamos que passem de duas mil”, informou o superintendente do DNPM/MT, Marcio Correia de Amorim. “É um garimpo ilegal”, acrescentou.
Morador da cidade, o vendedor J.C.G., de 54 anos, que preferiu não ter o nome divulgado, afirma que o comércio local está cada vez mais movimentado. “Os mercados estão vendendo como nunca produtos alimentícios, foices, picaretas e cordas, além de motocicletas”, comentou. Segundo ele, o preço do ouro também valorizou. “Aqui o grama está saindo por R$ 120. Em Cuiabá, custa R$ 100”, destacou.
Prefeito da cidade, Donizete Barbosa do Nascimento (PSDB) confirma que as pessoas têm chegado de ônibus e carros próprios. Porém, ele garante que a situação ainda está sob controle. “Não há brigas. O que a gente espera é que os órgãos (responsáveis) resolvam a situação com cautela e planejamento, para evitar maiores problemas”, disse.
De acordo com Amorim, os encaminhamentos ou a operação para conter a extração desordenada serão adotados em conjunto com outros órgãos, como a PF, Segurança Pública do Estado (SESP) e MPF. “Primeiramente, a intenção é parar a extração ilegal, verificar quem são essas pessoas, identificar os envolvimentos e saber quanto foi extraído, para que a União tenha uma noção para um eventual processo de ressarcimento”, informou. A data não é divulgada.
A reportagem do Diário de Cuiabá procurou a SESP para falar sobre o assunto. Esta, no entanto, limitou-se a reforçar as informações de uma nota divulgada no último final de semana, na qual o Governo do Estado garante que está “monitorando a situação de um garimpo em Pontes e Lacerda e que a Secretaria de Segurança Pública (SESP) foi informada pelas autoridades locais da crescente chegada de garimpeiros na região, em busca de ouro”.
Segundo a nota, o “Grupo Especial de Segurança na Fronteira (GEFRON) também está atento à situação, para preservar a ordem pública e prevenir qualquer conflito na região, localizada na divisa com a Bolívia”. No entanto, até o momento não foi registrado nenhum crime que exija a atuação do GEFRON.
O governo informou ainda que outras secretarias devem acompanhar a situação e atuar no caso. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMAS) informou que tomou conhecimento da corrida desenfreada ao garimpo e que vai atuar juntamente com a Sesp para fazer um levantamento sobre a situação no local.
Fonte: Diário de Cuiabá (editado pelo Revista30).
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