Um vice-prefeito piauiense
parece remar contra a maré em um Brasil que não crê em seus políticos, cada vez
mais envolvido em escândalos. Na mesma época em que a Operação Lava Jato
deflagra uma das principais redes de corrupção política atrelada à atividade
empresarial no país, o vice-prefeito de São Braz do Piauí, Eugênio
Valdo de Almeida (PSB), ainda trabalha como pedreiro, profissão que
aprendeu quando menino.
Eugênio mantém a rotina
para complementar a renda em casa. No cargo de vice, recebe cerca de R$ 4 mil,
mas a atividade como pedreiro faz esse valor dobrar, e ele conseguem mais R$
4,5 mil no fim do mês.
Em entrevista reproduzida
pelo portal G1, o político conta que muitos já recomendaram a ele abandonar a
sua primeira profissão. Outros afirmam encarar a atividade como algo estranho.
“Uma vez eu estava construindo um túmulo, no cemitério de São
Raimundo Nonato, e uma pessoa chegou. Ao ficar sabendo que eu era um
vice-prefeito, ficou admirada. Disse que não podia um vice estar trabalhando
debaixo do sol quente fazendo túmulo”, disse.
Com 15 anos de experiência
em obras, ele foi eleito pela primeira em 2008, sendo reeleito para o cargo em
2012. Perto do fim do segundo mandato, garante que a atividade pública não lhe
trouxe nenhum tipo de inimizade, pelo contrário; tanto eleitores quanto
adversários de urna já contrataram os seus serviços.
“Aqui eu tento não colocar política na minha profissão. Todos me
contratam levando em conta a minha qualidade. Além disso, eu sou um
vice-prefeito, mas tenho um respeito por todos os grupos políticos do
município”,
acrescentou. “Eu gosto de ser pedreiro.
Aqui eu faço de tudo, se precisar trabalhar para levantar um prédio eu
trabalho. Preciso complementar a renda, porque não dá para viver só com o
salário de vice-prefeito de uma cidade pequena”, contou.
Apesar do salário considerado baixo por ele para sustentar uma
família, Eugênio também explicou que as demandas de um vice de cidades menores
não são muito pesadas, tanto que já chegou a trabalhar em cinco obras e na
prefeitura simultaneamente. Para o ano que vem, inclusive, o seu nome já é
cogitado.
“O atual prefeito já está no segundo mandato e não poderá mais se
candidatar. Meu nome é colocado aqui pelos aliados do grupo para concorrer nas
próximas eleições. Mas, mesmo que um dia eu venha a ser prefeito, eu não
pretendo deixar de trabalhar”, concluiu.
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